sábado, 4 de setembro de 2010

Eu e ele. Ele e eu.

"You are so young, and I guess I'm old
Open your eyes, and I'll keep mine close
I prefer standing, and you take a seat
I'll be wide awake and you'll be asleep"

(Imagem: Spamsalot)

E se for real? E se não for?



É engraçado isso. De nós dois. A gente nunca teve isso de junto. Porque não existe o ‘nós’. Nem beijos. Nem nada além do que a gente é. Sou eu e ele. E é ele e eu.

Sou EU e ele quando eu falo alguma coisa que deixa ele sem graça, sem reação, sem palavras. Porque é raro, mas acontece. E quando eu procuro de canto de olho onde ele está, mesmo sabendo que ele não vai chegar, e mesmo sabendo que ele vai. E como eu tenho decorado todos os contornos do rosto e adoro o jeito que os cílios dele curvam quando ele pisca. E quando eu reparo no jeito que ele dirige. Como ele se curva pra frente no banco, sem paciência.

E como eu adoro o cheiro dele que fica em mim quando ele me abraça. E quando eu o faço rir, e sinto todo o alívio que ele sente. E quando eu consigo fazer ele ficar a vontade o bastante pra se abrir comigo. E quando eu morro de ciúmes, e quando eu provoco, porque eu sei que ele também sente – embora ele nunca vá admitir.

E o jeito que eu brinco com meus dedos na nuca dele quando ele deita a cabeça no meu ombro. E como eu sei que isso deixa ele arrepiado, mesmo com ele tentando esconder. E quando alguma coisa boa acontece e é a imagem dele que vem na minha cabeça, meio sem ter por que. Como eu ignoro o mundo e volto toda a minha atenção pra ele. E o jeito que eu já sinto saudades segundos depois dele ir embora.

E é ELE e eu quando ele me toca sem motivo. Só pra me sentir mais perto. E no jeito que ele fica me olhando quando ele pensa que eu não estou vendo. Como se estudasse meu rosto, minhas expressões. E o jeito que ele sorri, mesmo sem perceber. E depois desvia o olhar quando percebe que eu percebi.

E quando ele sussurra alguma besteira no meu ouvido quando ele me abraça. De propósito, porque ele sabe o frio na barriga que isso me dá. E como ele sabe o que falar pra me fazer sentir melhor. E o jeito delicado que ele encosta as pontas dos dedos no meu rosto. Quando ele me liga sem motivo. Por saudades, ou porque queria ouvir a minha voz.

Quando ele se preocupa. E o jeito como ele realmente ouve o que eu falo. Como ele se lembra de detalhes do dia que a gente se conheceu. E quando ele me diz que não sabe o que faria se eu não estivesse aqui. E como ele me esquece tão fácil, mas se faz tão inesquecível. Como ele não gosta quando eu uso maquiagem, mas não diz. Quando ele se esquece de falar com o resto do mundo e vem direto pra mim.

E talvez não seja nada disso. Talvez seja somente eu, sozinha. E pra ele seja somente mais uma besteira qualquer. Apenas ele flertando comigo do mesmo jeito que ele flerta com a vida. Sem importância. Ou talvez seja confuso demais pra ele entender. E ele não gosta do confuso, ele foge. E agora? E se for real? E se não for?


Pra ler ouvindo: The All-American Rejects - "Poison"

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