terça-feira, 31 de agosto de 2010

Quem sou eu?

"Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim."


(Imagem: columbiapower)



Eu não tenho uma cor preferida, mas gosto de pensar que verde dá sorte. Acho que é porque quando eu era pequena ganhei um anel de prata com uma pedrinha verde que minha tia falava que era ‘dá sorte’ (sabe como é né, criança acredita em tudo mesmo). Devido as mesmas circunstancias eu tenho um certo apreço por trevos e gnomos.


Eu gosto de dias frios, mas gosto mais ainda de dias frios com sol. Gosto de tomar banho bem quente e de tomar leite frio, nem quente nem gelado, em temperatura ambiente. Gosto de ouvir o barulho da chuva antes de dormir, de pintar as unhas de azul, de mandar sms de madrugada, de frutas vermelhas. Gosto de tudo de frutas vermelhas: Iogurte, creme hidratante, shampoo, cremes de cabelo, balas, tortas...


Eu gosto de vento gelado batendo no rosto, de escrever textos sem fundamento algum, de ficar observando as pessoas e imaginando como elas são, o que elas gostam ou como elas eram quando crianças e como serão quando ficarem mais velhas, gosto de filmes tristes, de dormir até tarde de ficar pensando sobre coisas aleatórias e no que poderia ter sido diferente se tal coisa não fosse do jeito que é.


Gosto de roupas estranhas, das paredes floridas do meu quarto, de desenhar estrelas quando estou distraída, de bala de doce de leite com chocolate, de fazer origami, de festinha familiar, do cheiro de roupa recém lavada, de fotografias, de corujas e porcos, de sonho de valsa, de Kings of Convenience, de jogar dominó, de colecionar latas de cervejas importadas, de bolo de laranja, de perfume doce.


Gosto de gente impulsiva, de ganhar cartinhas, de suco de acerola, de ficar deitada na cama depois do banho, de pão quentinho com manteiga, de quem me liga de madrugada para falar que me ama por motivo nenhum, de quem apenas me liga de madrugada. De chorar vendo filmes, de espremer laranjas, de marshmellows, de Carlos Drummond, de viajar nas coisas e saber que tem quem me compreende, de músicas de fossa.


Eu gosto de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, de conversar por sms, de animais, de lápis preto no olho, de pintar o cabelo com freqüência, de falar de vingança, de colocar fogo nas coisas, (é, não me deixem perto de um isqueiro ou de uma caixa de fósforos). Gosto de Bernese Mountain Dog, de Calvin e Haroldo, de colecionar discografias, de apertar botões, de escovar os dentes.


Gosto de kaiak aventura, de martini de morango, de abraço (adoro abraços, abraços, abraços, muitos abraços), de dormir do lado esquerdo, de falar no telefone andando pela casa, de tirar os pés para fora da coberta, de neologismo, de chorar até dormir, de mudar as coisas quando perco algo que eu gosto muito, de rir até dar dor no estomago, de Alice no Pais das Maravilhas.


Gosto de demonstrações de afeto inesperadas, de assistir mil vezes o mesmo filme e chorar todas as vezes, de me identificar com pessoas, de olhos castanhos e cabelos cacheados, das minhas unhas compridas, de ter saudade do meu cabelo loiro, das minhas paixões platônicas, da minha cachorra chata e do meu vira lata branquinho, de colocar 'ous' no final de algumas palavras, de dormir com o colchão no chão, de barba e homem de social.


Gosto de ouvir música no carro, no ônibus, em casa, antes de dormir, o dia todo. De bolo de caneca, de encontros inusitados, de cheiro de fósforo e de gasolina, de massagem no pé, de caneta azul e letras de forma, de batom vermelho, da minha bipolaridade, das minhas confusões e da minha chatice, das minhas manias estranhas.



Pra ler ouvindo: Kings of Convenience - "Failure"

Sem título. Sem cor.

"I'm on the corner, waiting for a light to come on
That's when I know that you're alone
It's cold in the desert, water never sees the ground
Special spoken without a sound"


(Imagem: columbiapower)


É uma coisa assim, meio de cansaço.



E hoje foi assim. Sei lá, algo besta. E aí, eu cansei. Foi só aquilo, e eu me senti mal. Por mim, por ele, por tudo e por todas as coisas. Aquilo que eu quis, e o que eu não quis, e o que teria sido. Ou nunca teria. Porque eu tenho essas coisas que eu crio na minha cabeça. E eu crio essa imagem que não é real. Mas que eu alimento de uma maneira compulsiva, como se isso fosse realmente fazer ser do jeito que eu imagino que deva ser.



"You told me you loved me, that I'd never die alone
Hand over you heart, let's go home
Everyone noticed, everyone has seen the signs
I've always been know to cross lines"


É confuso, eu sei. É pra mim, e pra ele deve ser mais. E ele sabe, mas finge que não sabe. Por que é mais fácil assim. É mais fácil se a gente brincar que não tá vendo. E tem vezes que eu acho que ele simplesmente não acredita. Porque eu sou muito mais. E ele sabe disso. Eu sei disso. E sei que eu me enrosquei nessa situação sabendo exatamente o que ia acontecer. E agora, é sem cor. Uma coisa assim, meio cinza.



"I never ever cried when I was feeling down
I've always been scared of the sound
Jesus don't love me, no one ever carries my load
I'm too young to feel this old"

E aí, acontece. Algo besta. Que me machuca profundamente. Que mostra que eu gosto mais do que eu deveria, do que eu poderia. De novo, eu gosto mais. Ou de outro jeito. Da situação mais do que de quem a provoca. E isso me quebra. As pernas, as palavras, a alma. Eu viro pro lado, agora é mais fácil não ter que olhar. Porque se eu olhar, todo mundo vai ver isso em mim. E o cansaço. Dessa vez, não tem mais próxima vez. Dessa vez, é só isso. É tudo o que nunca foi, é todo o despercebido, toda a brincadeira sem graça que eu fazia rir por precisar tanto e prezar tanto o contato.



"Here's to you,
Here's to me,
On to us nobody knows
Nobody sees,
Nobody but me"

Cansei de brincar de decepção.


Pra ler ouvindo: Kings Of Leon - "Cold Desert"

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Á longo prazo

"Something has to make you run
I don't know why I didn't come
I feel as empty as a drum
I don't know why I didn't come"

(Imagem: littlemewhatever)


(para alguém, ou ninguém, em algum lugar...)


Eu sou sempre os extremos, em tudo o que eu faço e vivo. Meu humor varia da mais depressiva tristeza á mais enérgica alegria em questão de minutos. E nem tente acompanhar ou entender isso.


Eu vou me isolar e me trancar por dias. Não vou atender ao telefone, nem a campanhia, e nem vou abrir os meus e-mails. E quando tudo isso passar, eu vou te ligar no meio da madrugada pra dizer que eu sonhei com tulipas azuis, ou no meio da tua aula pra contar que um beija-flor voou no meu quintal.


Quando eu ficar brava ou com ciúmes (ou as duas coisas!), eu vou te ignorar sem te dizer o motivo. Vou ser estúpida o tempo suficiente pra perceber o tempo que eu estou perdendo, e então eu vou aparecer na saída do teu trabalho e te abraçar como se nunca o tivesse feito antes.

Dificilmente você irá me ver chorar. Mas isso não significa que não está doendo ou que eu não me importo. E eu sou pessimista, sim. Mas só em relação a mim. Quanto ao resto do mundo, até que eu sou bastante otimista.


Quando a gente brigar, e eu sei que a gente vai, eu vou me torturar com músicas depressivas até quase enlouquecer. E aí eu vou perceber que eu mal posso esperar para te ver de novo, e fazermos as pazes.


Eu comecei a escrever como uma forma de liberar e esquecer os meus medos e frustrações. Hoje em dia, escrever é só mais uma das minhas incontáveis frustrações. E eu odeio acordar com alguém me cutucando. Isso afeta o meu humor pelo resto do dia.


Eu vou te odiar se eu descobrir que você mentiu ou me enganou de alguma maneira. Mas vou me odiar ainda mais quando perceber que você fez com que eu me enganasse também.


Eu já fiz coisas que me deixaram triste só pra ver alguém que eu amava feliz. E também já fiz coisas ruins pra me sentir vingada, ou justiçada, diante de algo ou alguém. E, acredite, á longo prazo, nenhuma das duas situações valeram a pena.

Eu sou uma ótima ouvinte, uma boa conselheira, e uma falante regular. Me expresso melhor escrevendo (não que isso signifique muita coisa...). Eu já criei e fiz coisas boas e ruins. Já acertei muitas vezes, e errei outras infinitas vezes. Infinitas, pois eu sei que ainda há muito pra se errar.

O céu é maravilhoso. Especialmente à noite. Não há nada mais libertador do que deitar na areia e ficar olhando o céu aberto e limpo. A sensação de impotência e importância que isso me dá é impossível de se descrever. E a insônia não é uma constante, mas ela faz parte da minha vida. E provavelmente sempre fará.

Me carregar no colo tem um significado quase que simbólico pra mim. Coincidentemente ou não, todas as pessoas que eu mais amei, em algum momento, me seguraram, me ampararam e me levaram no colo.


O inverno é a estação mais perfeita e mais triste do ano. O frio e a garoa fininha me dão uma sensação de paz , aconchego e agonia. É sempre em dias assim que eu dou mais valor as coisas que eu tenho e as pessoas que conquistei.


As minhas feridas mais profundas vão sempre doer. O que muda é a intensidade, mas elas vão sempre estar aqui. E não, não há nada que você e nem ninguém possa fazer pra deter ou melhorar isso.


Você nunca vai saber exatamente tudo sobre mim. E nem eu sobre você. E, definitivamente, é melhor que seja assim. E ficar sozinha é essencial para o crescimento humano e espiritual. Mas não deixe que eu cresça demais, senão eu fico inalcançável. E eu tenho uma enorme dificuldade pra perceber esse limite. E nunca se esqueça que inalcançável não significa inatingível.

Exatamente por viver sempre em sentimentos e situações extremas, acredito que a plenitude da vida encontra-se no equilíbrio. No equilíbrio das emoções, sensações, sentimentos, relações e princípios. Quanto mais perto desse epicentro se está, mais perto da felicidade você consegue chegar. Mas esse é um conceito e uma crença minha, e ninguém precisa acreditar ou concordar comigo.

E, por fim, o tempo é amigo e inimigo. É o carrasco e o juiz de todas as coisas. Mas é imutável, e por isso existem fatos que nem mesmo ele pode apagar ou consertar...

E tudo isso foi só pra dizer que, no fundo, e ao final de todas as coisas, sempre, eu te amo.

Pra ler ouvindo: Norah Jones - "Don´t know why"

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Além da imaginação.

"Well I've got my life
And you've got my world tonight"


Forever, you and me. É né, há tanto tempo estamos assim nesse trilho perdido que já nem sei mais. Acho que já nos adaptamos com isso e agora é parte de nós.

Já me descreveram você algumas vezes, já falaram coisas que me deixaram com vontade de mergulhar até o fim do mundo para confirmar, vai saber né... Até ontem eu achava que nem ia te ver mais e olha só onde nós estamos, eu te vejo sempre. Poderia ver mais, é claro, mas nossas obrigações nos proíbem.

Pode parecer estranho falar isso depois de tudo que passamos, mas as coisas mudaram e hoje eu já não tenho mais aquela obsessão por você e você não deve mais ter aquela birra toda de mim, o tempo surtiu efeito dessa vez. Três meses exatos sem conversar, sem te ver, tantas coisas acontecendo que até esqueci da sua existência por um tempo. Você não esteve aqui no momento que eu mais precisei. Fazia uma semana que você já tinha ido embora e ao meu modo de pensar, você não poderia saber de nada. Talvez você se sentisse culpado, magoado, mas não era sua culpa, talvez você até tivesse uma culpa parcial na hora de afundar o navio, mas as coisas aconteceram todas muito juntas e me afogaram.

Você voltou de um jeito inesperado, e eu percebi que toda aquela raiva que um dia eu senti por você tinha passado, toda aquela dor, aqueles sentimentos furados, mas não a esperança. Esperança não passa fácil não. Eu apenas estava ocupada de mais me ferrando em outros cantos para percebê-la. E depois de toda a bagunça, reparei que ela continua aqui guardadinha, ela só estava se escondendo para não doer. A sua também está ai, toda vez que eu falo pessoalmente com você eu sinto que ela permanece no mesmo lugar que eu deixei.

A gente se conhece tão bem não é? Eu me surpreendo toda vez que você fala algo sobre mim, ou quando eu sei o que você está sentindo sem você precisar falar. Acho que todo mundo acharia surpreendente se soubesse, porque eu não consigo pensar em mais alguém que se sinta dessa forma em relação a alguém. Na minha mente isso não existe.

Acho isso tudo surreal de mais, mas eu sinto que é tão verdadeiro e puro que nem deve existir num mundo desses.

Aquela esperança é boa. É como se ela brilhasse e pulasse em cada promessa feita, como se acreditasse que é tudo verdade e por isso ela se aquieta. Porque não precisa mais correr atrás de nada, tudo já está decidido e o tempo já está se encarregando disso. Esses anos vão passar mais rápido do que esperamos, não é? Então agora é só esperar e acreditar, certo? Cause we are gonna be forever, you and me somewhere only we know?



Pra ler ouvindo:
Lighthouse Family - "High"

Todos os sentimentos errados (e confusos) do mundo

"I call you up, you pick up
You call my bluff...
You hold too close your hands to your chest
I can't read your eyes, but I confess
It's lonely far from you
Even when you're right by me
It's only why I wait for you to take my hand"


(Imagem: gloeckchen)


Por que eu sinto as coisas que eu sinto?

Tá tudo errado. O momento, a situação, o tempo, a diferença, o pensamento, a percepção, o atraso, a falta de coerência. Tudo. Eu sou muito menos. E infinitamente mais. E mesmo assim, eu ainda sinto as coisas que eu sinto.

Eu finjo – e fujo – bastante. Mas, muitas vezes, eu esqueço mesmo. Como se todos esses absurdos nunca tivessem sido tão impressionantemente sentidos por mim. E aí eu penso no despropósito de toda a situação, e me convenço que é só insegurança, confusão, bobagem. E aí alguma coisa mínima acontece. É o meu sorriso. Um toque, um gesto, uma preocupação, uma sinceridade. E aí eu vejo que eu ainda sinto as coisas que eu sinto.

É a dificuldade. De olhar e ver aquilo que eu não quero, não quero, NÃO QUERO. Aquilo é tudo o que eu não quero. E aí é tudo borrado, é luz, é frio na barriga, é sorriso bobo, olhar perdido. Me tira o ar. Sabe? Que isso seja uma coisa tão presente pra mim. Em mim. Que isso me tire do sério desse jeito. Por que eu sinto as coisas que eu sinto?

Como a gente faz pra parar de sentir todas as coisas erradas (e confusas) do mundo?


O Jornalismo e eu. Eu e o jornalismo.

"Should I give up,
Or should I just keep chasing pavements?
Even if it leads nowhere,
Or would it be a waste?
Even if i knew my place should I leave it there?"




"Eu vou ser Jornalista!"



Acrescente 25 quilos, cerca de um palmo de cabelo (enrolado, veja só!), a mesma altura de agora (a original, sem os saltos), uma calça bailarina azul royal e uma camiseta branca do antigo uniforme do Colégio Metodista. A frase que abre esse texto foi dita por mim, Luciana, aos 15 anos. Muito prazer.


Eu sei disso porque tenho a foto com a anotação atrás. Sabe essas coisas de 1º colegial? O professor pede pra você escrever uma redação falando sobre o que você vai querer fazer na faculdade e coisa e tal. E foi isso aí o que eu disse: “Eu vou ser jornalista!”

Quando você tem 15 anos, existe essa idéia utópica de que você pode fazer qualquer coisa. E tudo. E que você tem todo o tempo do mundo pela frente. Tempo que não passa nunca. Querer logo fazer 18 anos, querer atropelar as horas, os dias, as semanas... Querer crescer. E eis que então, um dia, você cresce.

E então você se vê obrigado a escolher o que vai fazer pro resto da sua vida. E não me pergunte a razão – até hoje eu não sei – mas aos 18 anos, eu decidi prestar vestibular pra Radio e TV. E aí se seguiram os piores seis meses da minha vida. Nada daquilo tinha a ver comigo. E veio uma frustração imensa, de quem passou tanto tempo escolhendo a profissão certa, e acabou decidindo pela errada.

Larga a faculdade. Faz seis meses de cursinho. Presta vestibular pra um curso diferente. Volta e repete tudo outra vez. Assim seguiram-se os últimos quatro anos da minha vida. Depois de Rádio e TV, veio História. Depois de História, Direito. E depois de Direito, veio Tradutor e Intérprete. Até que, finalmente, veio o Jornalismo.

E pela primeira vez, eu saí do sistema “repeat and rewind” que eu estava vivendo. Passei pelos primeiros seis meses. Pelo primeiro ano, e metade do ano seguinte. E de tempos em tempos, eu tenho a sensação de que os quatro anos que eu passei pulando de curso em curso foram absolutamente perdidos. E existem momentos que eu acredito que, na verdade, eu ganhei um tempo precioso que a maioria das pessoas não pode ganhar.

Sim, eu vou ser jornalista. Porque eu tive uma vida de momentos pra decidir por outras profissões, pra fazer outras coisas da minha vida, e acabei voltando pro mesmo ponto onde eu estava há quase 10 anos. Eu vou ser jornalista porque, dessa vez, eu escolhi ser jornalista. Eu sou a Luciana, 24 anos – vividos, achados e perdidos -, muito prazer.

Pra ler ouvindo: Adele - "Chasing Pavements"

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Minhas Estranhezas

"Come and see
I swear by now I'm playing time against my troubles, oh
I'm coming slow but speeding
Do you wish a dance?
And while I'm in the front
The play on time is won
But the difficulty is coming here"

(imagem: damelth)




Todas as coisas estranhas do mundo

Eu gosto de frio. Muito frio. Daqueles que congelam os dedos e a ponta do nariz. E de dias cinzas, de garoa fina e gelada. E gosto de dormir ao contrário na cama. E com edredom, mesmo quando tá calor. De chorar até dormir. Do meu quarto de paredes azuis e vazias. E usar salto alto, pra qualquer coisa, em qualquer lugar e sempre. De ouvir músicas depressivas quando eu estou triste, e em todo o momento.

Eu gosto de homens altos, e de barba. E narigudos. De ligações no meio da madrugada. E de mandar SMS sem motivo, só pra dizer ‘boa noite’. E de morder. E de usar perfumes masculinos. De tulipas e borboletas. De rir até doer a boca. Dirigir a noite. De lua nova, e de estrelas. E da madrugada. Dos meios mais do que dos inteiros. E de Alice. Dos livros, não do filme. E do Matthew Fox.

Eu gosto de colocar leite em pó em todas as sobremesas do mundo. Torta, sorvete, gelatina, pudim. Todas. E de brigadeiro de microondas. E chiclete Trident de tutti-frutti. Do cheiro da comida da minha mãe. E da minha mãe. E pai e irmão. De caminhar com o meu pai. E do vento forte no rosto. E andar de bicicleta na praia. E da minha cachorra de luvas brancas.

Eu gosto de gestos de carinho inesperados. E reações espontâneas, mesmo que negativas. E de rir de besteiras com os meus amigos. De ver Friends de novo, e de novo. E de novo. De futebol. E de assistir campeonato de Pôker na TV. De Dave Matthews Band e Kings of Leon. De teorias sobre viagem no tempo, mesmo sem entendê-las. E de carros vermelhos.

E eu gosto dos meus olhos azuis e de como eles ficam quando eu choro. E dos meus pés estranhos e pequenos. E falar com as mãos. E dos meus cílios com rímel. Do meu nariz feioso em forma de bolinha. E das minhas unhas pintadas de roxo. Da minha barriga, e da minha pinta em cima do umbigo. Das minhas tatuagens. Da minha solidão, dos meus dias confusos, e das minhas crises de euforia. E minhas paixões absurdas, meus pensamentos desconexos, e de todas as minhas estranhezas compreensíveis.

Pra ler ouvindo: Dave Matthews Band - #41

domingo, 22 de agosto de 2010

Playing Hide and Seek

"There´s a friend that I have
And for her I´ll go back
You see all of these empties that I´m holding
They are too much for a girl
Empty arms, empty hands
And she´ll know me by the sound of my hoping"


(imagem: LynnStrife)

Playing Hide and Seek


Me deixa exasperada. Isso. De perder o controle das coisas, sabe? Dos sentimentos, dos acontecimentos, das situações, dos sorrisos, dos desesperos, das trivialidades bestas... Das confusões. Porque eu tento controlar as minhas confusões. Porque eu tenho um esquema confuso das minhas instabilidades que só eu e alguns poucos entendemos. Eu organizo os meus medos e pretensões e paradoxos em caixas coloridas que eu controlo, procuro e encontro sempre que me convém.


Mas, às vezes, perder esse controle é surpreendentemente bom. Era Abril, talvez Maio. Talvez já fosse Maio com cara de fim de Abril. Isso não importa. O que importa é que já era noite, e por resultado de um conjunto absurdo de situações aleatórias, tudo girava num espiral confuso que causava um aperto desesperado no peito e uma vontade imensa de fugir, e gritar, e chorar e não sentir nada. Silêncio. Uma preocupação inesperada, de duas partes tão estranhas e tão inconsequentemente iguais, algumas perguntas desconexas, respostas ainda mais desconexas, confusões diferentes que não faziam sentido nenhum e que naquele momento se tornavam claramente sensatas. E um abraço. Um abraço que parecia mais uma brisa fresca que aliviava o coração, secava as lágrimas, tirava o peso. Uma coisa meio assim, de paz.


Paz. Como viver brincando de esconde-esconde sozinho, e finalmente encontrar alguém que fazia o mesmo, e entender que tudo o que você precisava era de alguém pra brincar com você. Como se fechar os olhos para contar até dez não fosse mais uma coisa tão solitária. Como se nunca tivesse sido. É ir, aos poucos, perdendo o medo de se esconder, e achando um jeito de se encontrar.


'A gente é igual.'




Pra ler ouvindo: Josh Ritter - "Empty Hearts"